Uma das mais pitorescas tradições de Portugal são as sete saias da Nazaré. A mulher nazarena é conhecida por utilizar sete saias, um gesto que, apesar de levantar muitas teorias, ninguém sabe ao certo como surgiu. A verdade é que o número sete tem um alto significado místico, espiritual e bíblico: são sete as virtudes, os pecados mortais, os dias da semana ou mesmo as cores do arco-íris.

Contudo, como em tudo na Nazaré, a explicação das sete saias parece estar conectada ao mar. Afinal de contas, a vila e o oceano são quase um só e a identidade de um está intrinsecamente ligada ao outro. A explicação mais óbvia tem então a ver com o frio que se fazia sentir junto à água, quando as mulheres nazarenas se encontravam na praia, fosse para trabalhar fosse para se despedirem dos maridos que iam para a faina. Para se protegerem do frio vento do Norte, as mulheres vestiam várias saias (que podiam ser bem mais que sete), e utilizavam para se tapar e cobrir os braços ou mesmo a cabeça.

Mas a melhor explicação tem a ver com as sete ondas. Diz a tradição nazarena que, quando os barcos de pesca esperam raso ao mar para encalhar, este acontece a cada sete ondas. Assim, as mulheres contavam-nas pelas próprias saias, que dobravam levemente, até à última onda, de forma a não se enganarem na contagem. A tradição ficou, e hoje em dia o traje nazareno é um dos símbolos de um Portugal muito particular. Poucos são os que sabem sobre isto, tornando a Nazaré e as suas tradições um dos segredos mais bem guardados de toda a Europa.

NAZARÉ, TERRA DE MAR 

É impossível falar da Nazaré sem se falar do mar. Este faz parte do seu dia-a-dia, das suas gentes, dos seus costumes e dos seus saberes. E hoje em dia, quando a vila já abraçou a modernidade e a contemporaneidade, o mar continua a estar presente no turismo, na oferta cultural e em tudo o que acontece na vila.

A pesca continua a ser a principal atividade económica da Nazaré e, como tal, as redes na praia, as traineiras atracadas no porto e as varinas a vender peixe na rua fazem parte da paisagem muito particular da vila. A Nazaré vive do mar, para o bem e para o mal, e este marca inclusive a arquitetura da cidade, construída de frente para ele, mas abrigada do vento. As casas são brancas, para se protegerem do calor, mas também utilizam cores fortes, que eram aquelas que os pescadores utilizavam também nos barcos.

Entretanto, o mar trouxe outra mais-valia à Nazaré. O surf surgiu na vila, encontrando ali um local perfeito, onde as condições naturais, o clima e o estado do mar se aliam para criar o cenário ideal para todos os praticantes desta modalidade, desde os profissionais até aos mais amadores. Além disso, a Nazaré é palco das super ondas, as conhecidas ondas gigantes que desafiam os surfistas mais temerários. Nos últimos anos têm sido vários os recordes do mundo que têm sido quebrados, ao surfarem as maiores ondas da história. Garrett McNamara tornou-se já num embaixador da Nazaré e do próprio país.

A PÉROLA DO OESTE

Contudo, o Oeste português continua a ser um segredo bem guardado, até mesmo entre os visitantes do próprio país. A Nazaré é, provavelmente, uma das maiores pérolas desta zona no centro de Portugal. Situada no distrito de Leiria, situa-se a apenas 1 hora de distância de Lisboa, com acessos muito bons, tanto por estrada como por transportes públicos.

É uma vila com um verão extremamente agradável, graças ao seu clima ameno e moderado, mas que também pode ser visitada no Inverno. É certo que nessa altura o veraneio e a época balnear estão encerrados, mas a sua riqueza cultural e arquitetónica, assim como, a gastronomia de comer e chorar por mais, tornam-na num destino turístico a ser visitado a qualquer altura do ano.

O QUE VISITAR NA NAZARÉ

A Nazaré soube projetar-se no futuro como poucas outras cidades portuguesas, sem nunca renegar às suas raízes e tradições. A vila é um equilíbrio perfeito entre passado e futuro, encanto e modernidade. E, por isso, revela-se como um destino perfeito e paradisíaco para umas férias ou mesmo para uma escapadinha rápida de fim-de-semana.

Para além das praias, do surf e da comida, de que já falámos acima, a Nazaré tem ainda uma série de visitas obrigatórias para todos aqueles que visitam a vila pela primeira vez. É o caso do Mosteiro da Batalha, por exemplo, que fica a apenas 30 minutos do povoado e que é um dos edifícios religiosos mais importantes do país. O seu nome remonta à Batalha de Aljubarrota, a famosa batalha que opôs portugueses e espanhóis no século XIV.

Além disso, na costa da Nazaré é ainda possível visitar o Forte de São Miguel Arcanjo, situado na Praia do Norte. Este excelente exemplar de arquitetura militar tem ainda uma vista privilegiada sobre o mar e sobre a costa nazarena, onde se encontra inclusive um museu dedicado ao surf. Além destes dois marcos da Nazaré, depois há todo um percurso de monumentos igualmente marcantes, como a Igreja da Nossa Senhora da Nazaré (onde se concentra toda a tradição religiosa cristã da vila), e, claro, uma série de miradouros de cortar a respiração, de onde se destaca o espetacular Miradouro do Suberco.

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